Jorge Amado por vezes é muito mal lembrado na região do cacau. Atribuem a ele a fama do produtor ser um grande esbanjador e quando a vassoura de bruxa bateu, isso teria sido extremamente nocivo, adubou o esquecimento de dois mil deles com uma dívida perto de R$ 1 bilhão por conta da má fama
No mundo acadêmico a visão sobre Jorge é outra. Ele continua amado. O historiador Geraldo Magela diz que ‘ele via Ilhéus de uma forma lúdica’. Na real, o bom Jorge espelhou o retrato de um tempo. Talvez ele esteja fazendo falta para escrever os capítulos seguintes, o imenso drama da vassoura e o tempo que se descortina, a era do chocolate.
Excelência — A indústria do chocolate cada vez se expande, já há mais de 100. No Soloon du Chocolat que acontece agora em Paris, visitado esta semana por João Leão, Marcos Lessa, criador do Chocolat Bahia – Festival Internacional do Cacau, que se realiza anualmente em Ilhéus, pilota lá um time de 20 baianos chocolateiros.
— Damos visibilidade a estado rico em atrativos, ótimo para investimentos, e trocamos experiências, fazemos acordos. Estamos aí com o cacau no coração, o chocolate nas veias e os sonhos onde for possível.
Lessa diz que a visita de Leão foi boa, mas o time lá se ajuda. João Tavares, de Uruçuca disputa o Cacoa Of Excellence, que premia o cacau de melhor qualidade. E ele concorre também com a mãe, Maria Angélica. Viu que Jorge Amado faz falta?
Adolfo sai a contragosto
Ao lado de Jaques Wagner (PT), Adolfo Menezes (PSD) terminou a sua interinidade como governador ontem (Rui Costa chega hoje) em Miguel Calmon, onde autorizou obras da ordem de R$ 31 milhões, também junto com o prefeito Cáca (PT).
Ele mesmo brincou:
— Agora que eu já estava esquentando a cadeira, está na hora de levantar.
Mas não tem do que se queixar. Fez tudo combinado com Rui, mas a agenda foi gorda.
Salvador e os bons frutos
‘Salvador é a primeira em gestão fiscal. E eu com isso?’. Aí está o título do artigo que a secretária da Fazenda de Salvador, Giovanna Victer, escreveu para dizer que a capital baiana recebeu com orgulho o título de “Melhor Gestão Fiscal’ entre as capitais, da Firjan.
Entre os aliados de Bruno Reis, o prefeito de Salvador, se diz que faltou uma ressalva importante: o pai da boa gestão, frutos agora colhidos, foi Paulo Souto, secretário na gestão de ACM Neto.
Maria Ferrer, um avanço
Sempre na ponta em causas que dizem respeito às mulheres, a deputada Lídice da Mata (PSB) festeja a aprovação, pelo Senado, da Lei Maria Ferrer, assim chamada porque a cidadão que dá o nome foi destratada e humilhada por um advogado na vista do juiz e do promotor que nada fizeram.
A nova lei obriga juízes e protores a defender integrantes de audiências de agressões físicas ou verbais. Surpreende uma coisa: não deveria assim ser só pelo bom senso?
Otto propõe a Guedes as saídas para os precatórios
Diz o senador Otto Alencar que a PEC dos Precatórios, mandada pelo governo pedindo para adiar o pagamento de precatórios (causas judiciais já transitadas em todas as instâncias) a pretexto de pagar o Auxílio Brasil, que anteontem esteve com o ministro Paulo Guedes e fez a contraproposta:
1 — Prefeitos ganham o direito de renegociar as dívidas com o INSS por até 240 meses (dois anos) ou abater 2% da receita.
2 — Pequenos precatórios, causas de família e trabalhistas, por exemplo, ficam fora.
2 — Os precatórios dos estados serão pagos 30% em 2022, 30% em 2023 e 40% em 2024.
— Conversamos com Rui e ele topou.
Se der certo, a votação será quarta.
POLÍTICA COM VATAPÁ
Lembrança melada
Orlando Moscozo, deputado estadual, médico e empresário, ex-presidente da Fecomércio, vice-governador de Juracy Magalhães, é o pai da ideia da emancipação de Camacã, até 1961, quando emancipou-se, distrito de Canavieiras, embalados por Luciano Santana, Boaventura Moura e Anízio Loureiro, fortes produtores de cacau, do qual o novo município logo se tornou o maior produtor nos bons tempos.
ACM foi lá fazer comício, início de carreira, ainda deputado estadual, não gostava de Moscozo, começou a dar pau, Luciano, Boaventura, o Boinha e Anízio, junto, dispararam a reação: pegaram a bosta de boi e atiraram em ACM.
Bateu no rosto em cheio, melou tudo. E ACM, limpando com um lenço:
— Jamais esquecerei que levei merda na cara do povo de Camacã…
Esqueceu. Paulo Souto, que mais tarde seria governador, virou genro de Anízio Loureiro e os quatro acabaram amigos.
Fonte: A Tarde