O investimento do Estado, em parceria com o Senar, já permitiu a entrega de três indústrias fixas em Igarapé-Miri, Altamira e Medicilândia

Há pouco mais de um ano, em outubro de 2020, o Governo do Pará entregou ao município de Igarapé-Miri, no nordeste paraense, a Escola Indústria do Chocolate, a fim de incentivar a produção local de cacau e sua verticalização, fazendo do Pará o maior produtor de cacau, e do cacau e da amêndoa uma fonte de riqueza a partir da produção de derivados, como manteiga, chocolate e polpa.

Por meio dessa estrutura, o pequeno produtor passa a conhecer a potencialidade da sua produção, além de fomentar a geração de emprego e renda na região. A verticalização da cadeia produtiva de cacau amplia seus benefícios socioeconômicos, por meio do conhecimento, agregando valor ao cultivo do fruto no Pará.

Ivaldo Santana, coordenador do Programa de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Cacauicultura (Procacau), ligado à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), citou a parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), para um investimento de R$ 711 mil na instalação de cinco indústrias fixas, nos municípios de Igarapé-Miri, Altamira, Medicilândia, Tomé-Açu e Castanhal, sendo que as três primeiras já foram inauguradas, e uma será móvel. “Em Igarapé-Miri já foram capacitados produtores e empreendedores para produção de chocolate artesanal. Esta unidade, assim como as demais, tem sua importância na medida em que verticalizam a produção, agregando valor às amêndoas de cacau produzidas no Estado”, detalha o coordenador.

Fábrica Escola – Darlene Pantoja, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais, explica como os produtores são ensinados a beneficiar seu próprio cacau. “Já tivemos turma no Acará, em Igarapé-Miri e Mocajuba, e teremos uma turma em Baião no mês que vem. Houve uma redução do número de alunos. Muitas turmas só estão retornando agora. Nosso objetivo é que os produtores de várzea do Baixo Tocantins venham ter a noção, venham compreender a importância da Fábrica Escola, pois com pequenas técnicas eles podem triplicar o valor do cacau orgânico”, informa.

A sindicalista confirma que, após a criação da Escola Indústria, os produtores têm procurado mais o Senar em busca de capacitação, de melhorar suas produções. “Umas das coisas mais importantes que a Escola Indústria proporciona é a possibilidade de abrir a visão do produtor de ilha, para que ele se torne um pequeno empresário. Também ajuda muito na cadeia alimentar nessas ilhas, porque a Escola ensina como fazer o seu próprio pó de chocolate, suas geleias, para consumo da família”, acrescenta Darlene Pantoja.

Funcionamento – Segundo Luciano Murakami, coordenador da Escola Indústria do Chocolate, as aulas são compostas de dois módulos, 40 horas cada, sendo o primeiro módulo de Gestão e Empreendedorismo, quando os alunos começam a ter uma base de como desenvolver a própria empresa. O segundo módulo é Chocomiker, quando é mostrada toda a verticalização do cacau, desde a amêndoa até o produto final e suas variantes – chocolate, bombons etc.

Mostramos toda a cadeia do cacau, toda a verticalização, desde a seleção, a análise do cacau, porque para ter um chocolate bom tem que ter uma boa seleção. Todo o processo de torrefação, descascamento, o que vai virar um nibs, que já é um primeiro produto verticalizado. A partir daí ensinamos também a fazer a extrusão do nibs com a manteiga de cacau, que também já se torna um segundo subproduto. Em seguida, vêm o chocolate e seus derivados, sendo que no processo da manteiga de cacau já sai a torta de cacau, e dela o chocolate em pó”, explica.

A partir daí vem todo o processamento do chocolate, a parte da conchagem, do refino, da temperagem, da moldagem, até chegar à barra. Dela barra vem toda a parte de mercado, desde a parte de tabletes para food service, que serão vendidos em confeitarias e outras lojas do gênero. “Existe uma gama enorme na parte do tablete em barra, e depois o tablete para consumo direto e para utilizar na fabricação de bombons, recheios. Assim que ocorre na aula”, completa Luciano Murakami. O coordenador reforça que o aprendizado depende de cada aluno, da perspicácia, da habilidade, da vontade de absorver todo o conhecimento.

 

Fonte: Agência Pará