O Fórum Anual do Cacau, promovido pelo CocoaAction Brasil em Belém (PA), encerrou-se no último dia 23 de setembro. A 5ª edição reuniu mais de 500 participantes para debater os rumos da sustentabilidade e eficiência no setor cacaueiro.
O fórum foi aberto por Guilherme Salata, do CocoaAction Brasil, e Heloisa de Figueiredo, da SEDAP-PA, que destacaram a importância do cacau agroflorestal (SAF) como vetor de restauração do bioma amazônico.
“O Brasil pode voltar a ser protagonista, com a produção de cacau sustentável, mas para isso precisamos aumentar a produtividade média nacional, hoje de 300 kg por hectare”, diz. “Os produtores precisam de acesso ao crédito, à assistência técnica e manejar bem o sistema para ter aumento de renda”, acrescenta. Os destaques do evento foram:
RECONHECIMENTO: Lara de Souza e Marcus Martins, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) anunciaram o Currículo de Sustentabilidade do Cacau como o primeiro Programa de Boas Práticas Agrícolas reconhecido pelo ministério; programa visa promover práticas sustentáveis de produção agrícola e melhoria da qualidade de vida da população rural do Brasil.
VETOR DE PRESERVAÇÃO: Adriano Venturieri, pesquisador da Embrapa Oriental, apresentou o estudo “A expansão sustentável do cacau no Pará”, que evidencia a expansão das lavouras cacaueiras em áreas previamente degradadas do estado, o que tem contribuído para evitar as queimadas e o desmatamento, e conservar as florestas.
RESTAURAÇÃO: Rodrigo Freire, da TNC, lembrou que 58% da Amazônia está em território brasileiro e destacou a oportunidade dos sistemas agroflorestais (SAFs) com cacau de restaurar o passivo ambiental do bioma, trazendo renda para o pequeno produtor.
CUMPRIR A LEI: No painel sobre a “Demanda global por sustentabilidade e as oportunidades para o cacau do Brasil”, Felipe Faria, da Systemiq, ressaltou a importância dos SAFs para diversificação do pequeno produtor, para aumento de renda e para contribuir na mitigação das mudanças climáticas. Já André Guimarães, do IPAM, frisou a importância da assistência técnica rural como catalisador das mudanças. E Marcello Brito, da CBKK, enfatizou que o Brasil só precisa cumprir o Código Florestal. “Qualquer produto que fizermos aqui com o carimbo de Amazônia preservada será imbatível”, diz.
PLANEJAMENTO: O segundo painel abordou os “Modelos de sistemas agroflorestais eficientes”. “A maioria dos produtores pecam no planejamento do SAF e depois de implantado é difícil mudar”, explicou de Israel Oliveira, do Ideflor-bio. Já Valmir Ortega, da Belterra, sublinhou a importância de os sistemas serem biodiversos e do desenvolvimento de mercado para os outros produtos cultivados junto com o cacau. O casal de produtores Joselene da Silva Caçador e Álvaro Caçador contou que as suas lavouras em SAF produzem mais que as áreas sem árvores.
SEMÁFORO AMARELO: Paulo Albuquerque, fitopatologista da Ceplac, palestrou sobre os “Diferentes sistemas de produção e seus efeitos no aumento de incidência de pragas e doenças do cacaueiro” e alertou: “Ao trocar um sistema que está em equilíbrio (como o SAF) por outro (cacau a pleno sol), o produtor pode abrir espaço para outras pragas”.
PRODUTIVIDADE: Patricia Geneseli, da Yara, em sua palestra sobre “A importância da fertilidade do solo para a alta produtividade e rentabilidade do cacau”, explicou que as raízes das lavouras de cacau na região se encontram numa profundidade de até 20 cm, e que fazer a análise do solo é essencial para entender suas características e assim, poder fertilizar da maneira adequada.
IMPULSO À MUDANÇA: Paulo Lima, do Solidaridad, aproveitou a ocasião para lançar o estudo “Vazio da ATER: Caminhos para a inclusão socioeconômica ambiental da agricultura familiar”, que destaca a assistência técnica e extensão rural como vetor de transformação socioambiental. Segundo ele, “As famílias produtoras incrementam a produtividade e renda e passam a ter dignidade. E com dignidade, tendem a reduzir o desmatamento e preservar a floresta”.
A 5ª edição do Fórum Anual do Cacau ocorreu dia 23 de setembro, dentro da programação do Chocolat Festival Amazônia, em Belém. O Fórum é um evento organizado anualmente pela iniciativa CocoaAction Brasil para unir os atores da cadeia, disseminar conhecimento, promover diálogo, trocas e conexões.
Fonte: CocoaAction
Crédito da imagem: CocoaAction