Já o recebimento de amêndoas, frente ao primeiro trimestre de 2022, sofreu um recuo de 6,5%, passando de 28.932 toneladas para 27.046 toneladas.

 

O ano de 2023 fechou o primeiro trimestre do ano com um volume recebido de amêndoas nacionais de 27.046 toneladas, um recuo de 6,5% frente as 28.932 toneladas dos primeiros meses de 2022, isso de acordo com os dados compilados pelo SindiDados – Campos Consultores e divulgados pela Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC). “Os primeiros meses do ano são de menor volume de recebimento. A diferença entre o que a indústria processa e o que ela recebe de cacau é sempre muito grande. A expectativa é que, a partir de agora, com a entrada da safra temporã, os volumes entregues sejam expressivos”, explica a presidente-executiva da AIPC, Anna Paula Losi.

 

Entre janeiro e março de 2023, a moagem de amêndoas foi de 64.016 toneladas, um crescimento de aproximadamente 15,47% em relação às 55.439 toneladas do mesmo período do ano anterior. “A indústria tem trabalhado para que tenhamos cada vez mais amêndoas de cacau produzida no Brasil, para que o aumento da moagem seja cada vez mais acelerado. Neste primeiro semestre, os resultados foram muito positivos”, pondera Anna Paula.

 

Em termos de importação de amêndoas, o acumulado dos primeiros três meses do ano foi de 34.781 toneladas, ante 3.003 toneladas importadas no mesmo período de 2022. Anna Paula afirma que “uma parte desse volume contabilizado em 2023 chegou no fim de dezembro de 2022. É no primeiro e quarto trimestres de cada ano que se tem a janela de exportação nos países africanos, o mesmo período de alta escassez de entrega de amêndoas de cacau no Brasil, por isso os maiores volumes acontecem nesses dois períodos. O mais importante é perceber que, mesmo com o volume importado, o preço médio da amêndoa no Brasil, contabilizado pelo Mercado do Cacau, ficou acima dos R$ 200,00/@”.

 

As exportações de derivados, que atendem principalmente os mercados da Argentina, Chile e Estados Unidos, recuaram 22,2% no primeiro trimestre de 2023, passando de 11 mil toneladas, em 2022, para 8.558 toneladas neste ano. Essa queda não preocupa o mercado, segundo Anna Paula Losi, pois a tendência é de recuperação nos próximos meses. “A exportação para a Argentina está cada vez mais desafiadora, diante das diversas alterações impostas pelo governo do país, mas estamos em busca de novos mercados e, aumentando a nossa produção de amêndoas, a indústria brasileira ficará ainda mais competitiva no mercado externo”.

 

Recebimento por estado

 

O recebimento de amêndoas por estado teve como destaque o volume enviado pela Bahia, de 13.971 toneladas. Em comparação com o mesmo período de 2022, houve um recuo de aproximadamente 17% em relação às 16.830 toneladas de 2022. Em seguida, veio o Pará com 11.457 toneladas, volume que cresceu 10,8% em comparação às 10.336 toneladas do mesmo período de 2022, seguidos por Espírito Santo, com 1.252 toneladas ante 1.555 toneladas, baixa de 19,4%; e Rondônia, com 271 toneladas, ante 211 toneladas, aumento de 28,4%. Em comparação com os três primeiros meses de 2022, outros estados do Brasil não haviam encaminhado volume relevante de amêndoas e, no mesmo período de 2023, registraram o envio de 95 toneladas. De todo modo, entre os quatro principais estados produtores, a Bahia continua apresentando o maior volume de entregas para a indústria.

 

 

Análise do mercado internacional

 

De acordo com o analista da StoneX, Caio Santos, o segundo trimestre de 2023 começou com bastante volatilidade. No mês de abril, o vencimento do Contrato Futuro do Cacau de julho atingiu seu nível mais alto desde novembro de 2020. “Com o mercado já sobre comprado e os especuladores com uma posição comprada expressiva em carteira, o cacau está mais vulnerável e há possibilidade de correção para baixo nas próximas semanas”, afirmou.

 

A moagem do primeiro trimestre na Europa, divulgada para o mercado na semana passada, subiu 0,5% em relação ao ano passado, o que ficou ligeiramente acima das expectativas do mercado. O analista disse que “esta foi também a maior moagem na Europa, para o primeiro trimestre do ano, e a terceira maior para qualquer trimestre deste século”. Santos afirma que as moagens do primeiro trimestre para a América do Norte e Ásia serão lançadas esta semana, o que também pode mostrar uma melhora na demanda.

 

No lado da oferta do mercado, o total de amêndoas ofertadas pelo Costa do Marfim na atual temporada, iniciada em outubro, chegou à marca de 1,779 milhões de toneladas ao final do primeiro trimestre de 2023, 4,8% abaixo do acumulado no mesmo período da temporada anterior. “As previsões iniciais para a produção da África Ocidental para a safra intermediária apontam para uma redução em relação ao ano passado, o que poderia resultar em uma produção global em temporada completa ficando aquém das expectativas do mercado”, disse Santos.

 

Ele ressalta que, levando em consideração que, no primeiro trimestre, os preços do cacau negociado em Nova York avançaram 14%, quase 360 dólares por tonelada, é esperado que as cotações entrem em um período de correção nos próximos meses. “Ainda assim, é importante frisar que o contexto dos fundamentos aponta para um balanço entre oferta e demanda mais apertado, o que tende a limitar essa correção e fomentar novas investidas altistas no final do ano”, afirmou.